Bolg com intuito de promover a discussão sobre a Arquivística e assuntos ligados a ela. Criado depois de se verificar que poucas são as listas abertas de discussão na área.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Mudança de suporte, é o destino?
Uma das discussões mais abrangentes e atuais da arquivologia gira em torno das mudanças de suporte. Diversos autores internacionais e nacionais ainda não estão certos de como fazer ou mesmo se é vantajoso realizar uma grande mudança nos suportes dos documentos de arquivo.
Há os que apoiam a mudança para dar acessibilidade de forma mais ampla, permitindo assim um acesso remoto aos documentos sem a necessidade de manusear o documento de forma física. Este procedimento permitiria em principio uma melhor forma de preservar os documentos uma vez que estes estariam guardados e acondicionados em ambientes ideais e assim teriam uma vida mais longa.
há os que ainda estão relutantes quanto aos custos (de capital e humano) do procedimento de digitalização e mudança dos suportes. Isso se reflete na evolução constante dos modelos digitais, que cada vez mais tendem a ter tamanho (virtuais) menores e com isso existirá uma mudança nos programas de leitura e uma defasagem rápida da forma de leitura digital. Além disso ainda é muito incipiente a questão da segurança em meio digital, e segurança ainda é uma questão a se discutir quando temos arquivos sigilosos nos fundos documentais.
Defendo uma opinião adversa a ambas, pois creio que o suporte original é importante de ser preservado e mesmo que haja evolução das mudanças digitais, creio ser importante dar acessibilidade de forma remota aos documentos, ou seja, acessar remotamente um documento que tenha uma qualidade não perfeita, mas que de para identificar se este realmente interessa ao usuário, assim este se veria na obrigação de ir ao local (já munido das codificações dos documentos) para então ter o acesso ao documento (preferencialmente o original, mas em alguns casos uma cópia digital de maior qualidade). Assim estaríamos dando um acesso remoto mas de forma parcial, pois no acesso pela internet não daria para saber quem e quantas vezes o documento foi acessado e para que finalidade, e estas informações são cruciais para a gestão interna do arquivo.
então pergunto: é mais interessante digitalizar os documentos de forma ampla (em qualidade final excelente) dando acesso remoto total ou digitalizar apenas em modo razoável de visualização para depois dar o acesso total ou ainda não digitalizar e apenas conservar no suporte atual?
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ResponderExcluirPrimeiramente, parabenizo pela excelente iniciativa de criação do Blog, cujo título nos remete a uma proposta desafiadora para o atual âmbito da Arquivística, que é de estarmos inteirados nos assuntos mais recentes relacionados a esta área, para então, proporcionarmos a disseminação e desenvolvimento desta disciplina.
ResponderExcluirConfesso agora, que participo deste debate, mais como um aluno interessado pelo tema do que um especialista, peço desta forma, licença para dispor o que penso a respeito.
Penso que este primeiro tema proposto para a discussão desencadeará um debate de altíssima qualidade, pois o suporte eletrônico ou digital tem se mostrado como uma espécie de calcanhar de Aquiles para os Arquivistas na atualidade.
Este tipo de suporte predispõe uma fragilidade no que tangue a uma identificação, que no logo de anos atribui-se aos documentos, que decorre do fato dos modelos tradicionais associarem a informação conteúdo do documento com o próprio suporte documental, a exemplo, verificamos no Capítulo 1 de Arquivos Modernos, que Schellenberg ao tratar a respeito da importância dos Arquivos, dispõe que para o senso comum os documentos são identificados como papeis.
De fato, podemos observar esta situação atualmente. Até então, vinha sendo comum para as pessoas de um modo geral, associarem o documento ao papel. Aspecto que com certeza vem sofrendo alterações com as novas tecnologias de informação e comunicações.
Assim, é factível que a mudança está ocorrendo, e possivelmente, mudança contínua seja um fator a ser considerado. E nesta concepção torna-se essencial encontrarmos um ponto de equilíbrio capaz de estabelecer bases seguras para armazenamento de dados, conhecimentos e informações, ao mesmo tempo, que possam ser acessados e manipulados sem sofrerem alterações, mesmo diante da necessidade de migrações inerentes aos sistemas informáticos.
Em relação à questão da digitalização, também penso ser interessante e é reconhecível a ideia plena de disponibilização por estes meios. Contudo, que se ressalte a finalidade de tal ação.
Sem dúvida o acesso aos diversos documentos via internet propiciam uma série de vantagens, que vão desde aspectos de economia, de rapidez e comodidade, até à aproximação da sociedade às questões governamentais, e esta última caracteriza, inclusive, o acesso às informações contidas nos arquivos públicos como fundamental para a efetivação do direito à informação. E, estes, dentre outros pontos, se apresentam como positivo para os usuários de uma forma em geral.
Faltaria, contudo, o profissional da informação, como Arquivistas e Bibliotecários, saberem estabelecer nesta íntima relação com o usuário não apenas uma interação com o Sistema como se não existissem, mas principalmente serem capaz de delinearem seu espaço profissional neste contexto.
Para tanto, dentre outros questionamentos levantados pelo seu texto, deixo ainda, para a discussão em relação ao “original”; mais perguntas.
Se o suporte em papel ainda levará gerações para ser substituído? Se é que o será!? E, se o for? Talvez, o que devemos nos perguntar, seja: qual o papel do Arquivista neste novo contexto?
Se nos acostumamos com o papel e com as pastas, onde a presença física era imprescindível e mesmo assim, os arquivistas ainda discutem a necessidade de se projetar profissionalmente e demonstrar sua importância. Não seria este o momento de consolidar a área e se antecipar ao público de uma forma geral com soluções de acesso às informações de forma tanto qualitativa quanto quantitativa?
Gilberto da Silva Martins
Graduando em Arquivologia da UFF
Técnico em Administração formado pelo Senac
Auxiliar Administrativo de Arquivo de Assuntos Regulatórios
Empresa: Laboratórios B. Braun S.A.